Obuses no Museu do Combatente

0
1573
Em 2006, e por despacho do então Chefe de Estado-Maior do Exército, General Pinto Ramalho, foi autorizado a cedência à Liga dos Combatentes, para ser colocado no Museu do Combatente, para efeitos museológicos, material já abatido que foi desmilitarizado e que se encontrava listado para alienar. Desse material apresentamos neste artigo algumas peças que foram limpas e restauradas pelos funcionários do Museu do Combatente.
A artilharia de campanha é o ramo da Artilharia dos exércitos que tem como missão fazer frente à artilharia inimiga e apoiar as nossas forças (Infantaria, Cavalaria e carros de combate) nos diferentes tipos de operações, ofensivas ou defensivas ou de retardamento, pelo fogo, destruindo, neutralizando ou suprimindo o inimigo, e pode ser equipada por obuses de diferentes calibres, foguetes e mísseis, dotados de elevada mobilidade tática de modo a poderem acompanhar as operações das forças no terreno.
Obuses M 7,5cm/18m/940 – estão colocados à entrada do museu, na rua ascendente ao cimo e no exterior: De origem Italiana (1934) substituíram nos anos 40 a anterior peça de 7cms M.T.R. m/906-911. Este material destaca-se pelo seu elevado alcance dentro da sua categoria, pela sua facilidade de transporte e possibilidade de executar tiro vertical, ou seja, elevação do tubo superior a 45º. Tem um calibre de 75 mm, peso de 820 kgs, calibre do tubo 18, granada: 6 kgs / HE, com alcance de 7990 mts + 43º. Usado no continente e nas campanhas de Timor e Angola, também equipou o Grupo de Artilharia de Montanha (Guarda). (Salvado & Barbosa, 2010, o emprego da artilharia na guerra subversiva de África).
Canhão anti-carro 5,7 cm adaptado para munição especial de 90 ms (carga oca), peça de infantaria, está colocado em cima da plataforma do museu: O canhão é uma boca de fogo  destinada a disparar granadas em tiro tenso, de calibre superior a 20 mm e que pode ser montado sobre um reparo, sendo as armas anticarro projectados para a destruição de carros de combate ou outros veículos blindados.
Obus 8,8cm m/43 e m/46 – 2 na rua que dão para a parada: Artilharia de médio e longo alcance, de fabrico inglês, calibre 87,64mm, comprimento do cano: 2.71 m. Em 1943 Portugal adquiriu à Grã-Bretanha o Obus 8,8 cm, (modelo sem freio de boca) e em 1946 (modelo com freio de boca), para substituir, em conjunto com o Obus 10,5 cm/41-43, o material 7,5 T.R. m/17. Com extrema mobilidade, campo de tiro de 360º que se constituía como uma inovação técnica importante e, para além do aparelho de pontaria para tiro indireto, possuía também outro para tiro anti-carro. Características que contribuíram para a luta contra os alemães no norte de África. Serviu nas Unidades de Artilharia do Continente, na Índia, Macau, Timor e nas campanhas de Angola, Moçambique e Guiné, tendo sido desativado em 1976.
Conhecido em Portugal como obus de 8.8cms esta arma esteve ao serviço durante bastante tempo. Vários exemplares foram fornecidos a Portugal nos anos 40, no período pós-guerra, e foi distribuído às baterias de artilharia do Estado da Índia Portuguesa. Uma das últimas operações em que esteve envolvido ocorreu em 25 de Abril de 1974, quando uma bataria de três peças foi enviada para a margem sul do Tejo no monumento ao Cristo-Rei, com ordens de garantir o controlo da Ponte Salazar, e abrir fogo, se preciso, contra a fragata Gago Coutinho que se encontrava no Tejo. A ameaça de disparo resultou, pois embora a fragata tenha continuado próximo do Terreiro do Paço, não abriu fogo. A peça era adequada para tiro costeiro contra navios. Foi usada na defesa de Diu, e nas movimentações militares de 25 de Abril de 1974.
Esteve ao serviço na Escola Prática de Artilharia, no Regimento de Artilharia Antiaérea n.º 1 e no RA5 para a execução de salvas em Cerimónias Militares.
“A Evolução nas armas de Artilharia de Campanha em Portugal até à criação da OTAN, Cap Art Nuno Miguel Salvado e Ten Art Pedro Filipe Barbosa da EPA”.
Obuses Otto-Melara 10mm/14 – pátio inferior junto Chaimite e Humber: O Otto-Melara Mod 56 é um canhão de 105 mm italiano de artilharia de montanha  (1957) construído e desenvolvido pela empresa OTO-Melara dos anos 50 e usado durante o final do século XIX e quase todo o século XX. Na atualidade, as peças e obuses de montanha estão largamente ultrapassados, tendo as suas funções sido assumidas pelos morteiros e pelos mísseis guiados. Além disso, a maioria dos obuses de campanha modernos podem ser aerotransportados por helicópteros e assim colocados em terrenos de difícil acesso.
Os calibres mais comuns no Ocidente são 105 e 155 mm, e a munição  é a granada de artilharia conhecida como obus. Desde a década de 1990, a precisão aumentou. Desde a 1ª Guerra Mundial, o termo obuseiro é usado na Artilharia para designar as peças de longo alcance, destinadas a disparar granadas em trajetórias curvas. Distinguem-se dos canhões por estes fazerem disparos tensos, e dos morteiros por estes fazerem fogo parabólico com ângulos de elevação maiores que 45°.
“Na Segunda GG a Artilharia teve de alterar os seus procedimentos, conseguindo-se com os reparos apoiados numa plataforma uma rotação da peça de 360º e adoptou os calibres 105mm e 155mm como calibres standard.
Fonte: A artilharia de Campanha no moderno campo de Batalha….
Aspirante a Oficial Aluno de Artilharia Duarte dos Santos Ramos; Orientador Major de Artilharia António Flambó, Amadora 2008”.
Isabel Martins

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui