Núcleo de Tomar – Richebourg: Um tributo tomarense à memória dos nossos soldados caídos na Grande Guerra

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No passado dia 12 de abril de 2025, o Município de Tomar, representado pelo seu Presidente Hugo Cristóvão e pelo Vereador Hélder Henriques, juntamente com o Presidente do Núcleo de Tomar da Liga dos Combatentes, Tenente-coronel Mourão Garcia, marcaram presença nas cerimónias comemorativas da Batalha de La Lys, realizadas no Cemitério Militar Português em Richebourg, França.
Num gesto de profunda dignidade e respeito, foi colocada uma placa do Município de Tomar naquele que é o único cemitério exclusivamente português em França, homenageando todos os combatentes que tombaram em solo francês entre 1914 e 1918, durante a Primeira Guerra Mundial. Um tributo simples, mas carregado de simbolismo e reconhecimento pelo sacrifício dos nossos soldados (onde se incluem militares do regimento de Infantaria 15 que estava em apoio).
A presença tomarense em Richebourg não é apenas um ato de memória, mas também um reafirmar do compromisso de honrar aqueles que deram a vida pela Pátria, muitos deles oriundos da região do Médio Tejo, cujo envolvimento na Grande Guerra é, ainda hoje, objeto de investigação e reconhecimento tardio.
Com o apoio do historiador António Alpalhão, sabe-se hoje que 128 soldados da região do Médio Tejo pereceram em contexto de guerra ou por causas associadas ao conflito. Só no dia 9 de abril de 1918, dia da fatídica Batalha de La Lys, 12 homens da região tombaram em Flandres, entre eles naturais de Tomar, Ourém, Ferreira do Zêzere, Sertã, Abrantes e outros concelhos vizinhos.
As condições enfrentadas pelo Corpo Expedicionário Português (CEP) são conhecidas e dramáticas: instrução sumária em Tancos, fardamento deficiente, trincheiras enlameadas, doenças, desmoralização e uma linha de defesa desprotegida. Foi nesta frente que os nossos soldados, mal preparados e abandonados por um país em crise, enfrentaram o poderio alemão com bravura, mesmo perante o que viria a ser um dos maiores desastres militares da nossa história.
Apesar das adversidades, a resistência portuguesa em La Lys, personificada na figura simbólica do soldado Milhões, permitiu ganhar tempo crucial para a chegada das tropas britânicas e evitar uma derrocada maior.
A participação de Tomar nesta homenagem internacional reforça a importância de preservar a memória e exige que se corrijam as omissões no registo dos que tombaram. O Memorial Digital aos Mortos da Grande Guerra ainda não contempla nomes de todas as freguesias, como no caso de Ourém, que estima cerca de 50 mortos mas apenas 17 estão registados no portal.
O legado da Grande Guerra no Médio Tejo vai além das trincheiras. De Tancos – onde foram formados milhares de soldados – a Fátima – onde as Aparições de 1917 se cruzaram com o imaginário do conflito –, a região foi profundamente marcada por este capítulo da nossa história.
Este gesto do Município de Tomar, em Richebourg, é por isso um ato de justiça e de gratidão. Um testemunho que honra não só os que tombaram, mas também os que, até hoje, lutam para que o seu nome e o seu sacrifício jamais sejam esquecidos.

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