Alguns meses após a fundação oficial da Liga dos Combatentes (1923), mais concretamente no dia 14 de junho de 1924, nascia na bonita vila do Alandroal, Francisca Rosa Tátá. A terceira de cinco filhos de Manuel Joaquim Tátá e Joaquina da Conceição Gomes, a amiga “Chica” como carinhosamente é tratada, teve uma infância como tantas outras crianças da sua altura, com poucos tempos de lazer e muitas horas a ajudar os seus pais nas tarefas domésticas. Mais tarde, e já em idade adolescente, começou a “servir”, como se designava na época, em casas “senhoriais”, trabalho esse que se prolongou no tempo até à morte da sua mãe, ficando então a partir daí, a “tomar conta” da casa dos seus pais.
Francisca Tátá, pelo facto de nunca ter casado nem ter tido filhos, dedicou-se quase em exclusivo, de uma forma altruísta, humanista, com amor e carinho, a cuidar do seu pai, o qual sofria de uma doença respiratória crónica, adquirida na Grande Guerra (1914-1918), por força dos gases tóxicos que inalou.
O seu pai, Manuel Joaquim Tátá, cumpriu o Serviço Militar durante o período em que decorreu a Grande Guerra, tendo sido incorporado no dia 12 de janeiro de 1914, no Regimento de Infantaria 11 (RI 11). Soldado n.º 738, integrou a 9.ª Companhia do 3.º Batalhão do RI 11. Integrado no Corpo Expedicionário Português (CEP), embarcou para França em 25 de julho de 1917, tendo combatido na Grande Guerra na região Franco-Belga da Flandres. Regressou a Portugal em 8 de julho de 1919. 
Foi condecorado em 11 de dezembro de 1919 com a medalha comemorativa da Vitória e passado à disponibilidade nesse mesmo ano. Em 1921, com a criação da Liga dos Combatentes, associou-se na mesma, com a categoria de Sócio Expedicionário (designação atual de Sócio Combatente), tendo-lhe sido atribuído o n.º 6845.
Como facilmente se pode deduzir, Francisca Tátá desde a sua primeira hora de vida está intimamente ligada à Liga dos Combatentes, por motivo da filiação do seu pai. 
Após o falecimento do seu progenitor, ela desejou perpetuar o seu legado e vinculo à instituição, tendo-se associado em 1986 como sócia extraordinária, e “herdado” o número de sócio do seu pai.
No passado dia 14 de junho, a nossa sócia Francisca Rosa Tátá celebrou o Centésimo aniversário de vida, uma efeméride muito bonita e rara aos dias de hoje, a qual merece amplamente ser destacada, elogiada e celebrada. Para assinalar esta data única e histórica, e embora já um pouco desfasada no tempo, no passado dia 12 de julho, a sua “família Combatente” como ela carinhosamente nos reconhece e apelida, os Diretores e o Porta-guião do Núcleo, deslocaram-se até à residência sénior do Alandroal para a visitar e homenagear.
Da visita, pudemos constatar que apesar de algumas limitações físicas decorrentes da sua longevidade, graças à sua resistência e resiliência, a nossa sócia Francisca Tátá, tem sido uma “lutadora” e felizmente aparenta estar bem de saúde, apresentando faculdades cognitivas invejáveis, comprovadas através das recordações da sua vida, das memórias de guerra do pai e das estórias do seu quotidiano, as quais tivemos o privilégio de escutar. 
Foi uma tarde inesquecível, memorável, e que mais uma vez, veio evidenciar todas as qualidades humanas que lhe são reconhecidas e atribuídas.
Desejamos à nossa sócia, muita saúde, longa vida junto de todos nós e que venham os 101… Muitos parabéns, amiga “Chica!
 

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