O dia começou nublado, mas felizmente a previsão de chuva foi contrariada e a operação de posicionamento da aeronave ALIII N/C 19304 no Museu do Combatente realizou-se com o trabalho conjunto do TGeneral Joaquim Chito Rodrigues, presidente da Liga dos Combatentes, do Coronel Jorge Pimenta, vogal da Direcção Central da Liga, dos funcionários José Faustino e Pedro Jesuíno do Museu do Combatente, dos militares ALF/TMMT João Mendes, ALF/TMMT Luís Ferreira, SAJ/MMA Alcides Jesus, SAJ/MMT Miguel Duarte, 1SAR/MMT David Fernandes, 1SAR/MMT Nuno Silva, 2SAR/MMA José Cândido, FUR/MMA Bruno Sousa, FUR/MARME David Baptista, FUR/MMA Milton Pinheiro e do grupo de amigos dos Especialistas da Força Aérea levados pelo Sr. Jorge Ferraz.
Envolvidos pois todos num trabalho aliciante e dando voz a um desejo comum de verem um Alouette III no Museu do Combatente, o agradecimento extende-se às equipas de Técnicos Especialistas da F.A.P. que participaram em toda a operação de logística, de transporte desde a B.A.-11 Beja até á instalação no Museu do Combatente, à equipa de Beja que o transportou até Alverca, á equipa de Alverca pelo transporte até Belém, á equipa do Museu do Ar de Sintra B.A.-1 e de Monte Real B.A.-5 pela manobra de colocação no espaço escolhido junto ao paiolin da Força Aérea.
A equipa de Técnicos Especialistas do Sargento Ajudante Alcides Jesus foi responsável em Beja pelo excelente trabalho na recuperação da aeronave ALOUETTE III N/C 19304 (EM 2007 etava operacional na BA11) deixando o Héli num estado de apresentação que, segundo palavras do Sr. Jorge Ferraz: “ apto a descolar e a voltar a cruzar os céus com o seu som inconfundível”e o civil Arnaldo Louro com muito orgulho transportou o Alouette III da BA11 até ao local.
Mas não foi fácil o trabalho de libertar o espaço destinado ao Alouette, pois nesse local encontravam-se o nariz do Fiat G91 R4 e a hélice do Hamilton Standard PV/2 Harpoon luta anti-submarina . E no solo, em baixo da plataforma destinada ao Alouette III, era necessário arranjar espaço para se colocarem tanto o nariz do Fiat como a hélice, espaço esse que estava ocupado pelo equipamento do exército a cozinha, o depósito de água, que foi necessário deslocar para um ponto mais à frente.
Mãos à obra e o TGeneral Chito Rodrigues, presidente da Liga dos Combatentes, o Coronel Pimenta, vogal da Direcção Central da Liga, os funcionários José Faustino e Pedro Jesuíno do Museu do Combatente libertaram o espaço no solo para colocação do nariz do Fiat e a hélice, e em seguida o Alouette na plataforma agora livre.
Assim, após 17 anos de convivência do nariz do Fiat G91 R4 e a hélice do hélice do Hamilton Standard PV/2 Harpoon luta anti-submarina, junta-se agora o Alouette III N/C 19304, fazendo a guarda de honra ao espaço onde se expõe a história da Aviação Militar em Portugal e da Força Aérea, desde 1914 à actualidade.
Especificações Técnicas do Alouette III
Tipo de aeronave: Helicóptero monoturbina terrestre, de trem de aterragem triciclo fixo, podendo utilizar flutuadores ou pequenos skis, revestimento metálico, cabina integrada na fuselagem, concebido para missões de transporte civil ou militar. Tripulação : 1 piloto.
Construtor: Sud-Aviation/ Aerospatiale/França. Motor: Turbina ARTOUSTE III B “TURBOMECA” com a potência de 870 hp. accionando um rotor principal e de cauda de três pás. Dimensões: Diâmetro do rotor principal : 11,02 m Comprimento : 10,12 m Altura : 2,97 m Área do círculo rotórico :110,50 m2 Pesos: Peso vazio : 1 200 kg Peso máx. descolagem : 2 100 kg Performances: Velocidade máxima : 220 km/h Velocidade cruzeiro : 167 km/h Distância máxima de voo : 1.300 km Tecto de serviço : 3.300 m Autonomia máxima : 02H30 Armamento : 1 canhão calibre 20mm no interior da fuselagem, disparando através da abertura da porta traseira do lado esquerdo; No exterior ; 2 lança-foguetes. Capacidade de transporte : 6 passageiros ou militares equipados; ou 2 macas e assistente; ou 750 kg de carga suspensa.
O SUDAVIATION-SE 3160 ALOUETTE III surgiu através dos conhecimentos adquiridos com o ALII como um helicóptero de fins gerais/utilitário. Este helicóptero pode ser usado em acções transporte de tropas em heliassaltos, salvamento, evacuação sanitária, patrulhamento e transporte de pessoas, apoio tático (helicanhão) em que dispunha de um canhão MG-151 de 20 mm montado atrás da cadeira do piloto, na cabine de passageiros, que disparava através da porta do lado esquerdo.
Em 17 de Fevereiro de 1974 os primeiros Alouette III da FAP transitaram directamente de França para Angola tendo sido colocados na BA9 em Luanda, na Esquadra 94, que se manteve activa até 1974, fim do conflito, sendo principalmente no norte de Angola que começaram a ser utilizados.
Segundo o TGeneral Chito Rodrigues o primeiro emprego operacional do Alouette III em Angola aconteceu no Sector D, na área de Nambuangongo, em Março de 1964, na operação conjunta “3º Aniversário” em que ele próprio participou.
Conforme o fabricante os ia disponibilizando eram enviados para as unidades ultramarinas, ficando alguns em Tancos, na BA 3, para instrução e adaptação de pilotos.
A Esquadra 402 – “Os Saltimbancos” foi instalada no Aeródromo de Recurso do Luso, pertencente ao Aeródromo-Base nº 4 (AB4), Henrique de Carvalho.
Na Guiné, um território com características naturais que tornavam muito difíceis os transportes de superfície, suportaram um enorme esforço operacional e de grande perigosidade, o 1º voo operacional foi em 3 de Novembro de 1965, e as aeronaves foram colocadas na BA 12,integrados na Esquadra 122 do Grupo Operacional 1201, operando em 2 esquadrilhas “Lobo Mau” e “Canibais”.
Em Moçambique, os Alouette III começaram a operar na 3ª Região Aérea a partir de 1967, sendo as bases de apoio o AB5, em Nacala (esquadra 503, “Índios” e o AB7 em Tete (Esquadra 703 “Os Vampiros”).
Com o início da construção da Barragem de Cabora Bassa, as hostilidades cresceram de agressividade, pelo que foi activado um destacamento permanente em Estima.
Na Metrópole foram primeiro colocados na Esquadra Mista de Aviões e Helicópteros, depos Esquadra 33 “Zangões” , da BA 3 em Tancos, tendo posteriormente sido dividida em duas Esquadrilhas , os “Hippies” e os “Snobs”.
Terminada a Guerra do Ultramar os Alouette sobreviventes regressaram à Metrópole sendo distribuídos por várias bases. Numa pesquisa não exaustiva cerca de 30 helicópteros foram destruídos e aproximadamente 30 tripulantes perderam a vida.
Além de acções de carácter humanitário, os Alouette III participaram em diversas demonstrações aéreas.
Do TGeneral Chito Rodrigues, um poema sobre a acção dos Alouette III e da sua utilização em operações em Angola, nos Dembos:
“MOSCAS” (de Joaquim Chito Rodrigues, Março de 2010) Rosnam ruidosas “moscas” Sobre nossas cabeças O ruído é de seres aflitos Zumbem como mosquitos Ora nos largam Ora nos buscam Ora ouvem nossos gritos E a música de suas pás Feita de metálicos e sopros Só é suave de embalar Quando velozes, já no ar, Deixam para trás aquele inferno Móveis, flexíveis, sem parar Dão ao homem sensação de voar.
Fontes : Aeronaves Militares Portuguesas, Cem Anos de Aviação em Portugal de Adelino Cardoso; João Mendes, Alferes TMMT da Direcção de Abastecimentos e Transportes do Comando de Logística da Força Aérea; Jorge Ferraz, especialistas da FA