Como todos os anos, e no âmbito das atividades normais da Liga dos Combatentes, a cerimónia comemorativa da assinatura do Armistício, do fim da Guerra do Ultramar e da Fundação da Liga dos Combatentes teve lugar no Museu do Combatente/Forte do Bom Sucesso em Belém, em frente ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, celebrando-se este ano o 101.º Aniversário do fim da Grande Guerra, Armistício, o 98.º Aniversário da Fundação da Liga dos Combatentes e o 45.º Aniversário do fim da Guerra do Ultramar.
Ao início da manhã nebulosa e com chuviscos ligeiros, reuniram-se em frente ao Museu do Combatente e Monumento aos Combatentes do Ultramar os militares que iniciaram o ensaio para a cerimónia pelas 08h15 horas da manhã, representantes da Direção Central da Liga dos Combatentes, de inúmeros Núcleos da Liga dos Combatentes com os seus guiões, antigos combatentes e familiares, à espera das 10h15 horas, hora de início do evento.
No rio Tejo, junto ao Forte do Bom Sucesso, a fragata da marinha F487 João Roby que executaria a salva de 21 tiros usual.
Além do Vice-presidente e Secretário-geral, presentes Vogais da Direção Central da Liga dos Combatentes, e membros do Conselho Supremo, e entre os convidados entidades civis, muitos oficiais generais, almirantes, oficiais, sargentos e praças, antigos combatentes nacionais e estrangeiros, diversas Associações bem como agraciados com a Ordem Militar Torre e Espada e os Combatentes participantes nas Missões de Paz. De referir a presença da Embaixadora de França, do Embaixador de Angola, bem como dos Presidentes da ANT-TRN e da Federação dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria de Angola.
Com o apoio do EMGFA haviam sido montadas tribunas, assegurada a participação de uma guarda de honra de Escalão Batalhão com uma companhia a 3 pelotões com elementos dos três ramos das Forças Armadas, Estandarte Nacional da Liga dos Combatentes com as respetivas condecorações que lhe foram atribuídas ao longo dos anos, Banda da Armada e Fanfarra, bem como a presença de doze praças, quatro de cada ramo, para apoio à cerimónia de deposição de flores, e de elementos das Forças de Segurança e de uma força de Polícia Militar para controlo e segurança da Cerimónia.
No início da cerimónia, na integração da Bandeira Nacional, foi entoado e cantado pelos presentes o Hino Nacional.
Entretanto e após a receção pelo Presidente da Liga dos Combatentes ao Chefe do Estado-Maior do Exército, General José Nunes da Fonseca, ao Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General Joaquim Nunes Borrego, e ao Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada, Vice-almirante Jorge Novo Palma, à Secretária de Estado dos Recursos Humanos e Antigos Combatentes e finalmente a S. Exa. o Almirante CEMGFA Silva Ribeiro, e após este ter recebido a continência das forças em parada e ter sido tocado o Hino Maria da Fonte durante a revista às Forças em Parada, foi executada também a salva de 21 tiros pela fragata fundeada no rio e tiveram lugar as alocuções do Tenente-general Joaquim Chito Rodrigues, Presidente da Liga dos Combatentes, e da Secretária de Estado dos Recursos Humanos e dos Antigos Combatentes, Professora Doutora Catarina Sarmento e Castro.
Na sua alocução o Presidente da Liga dos Combatentes afirma com ênfase: “Hoje não é dia do Combatente…Hoje evocámos ainda mais do que isso…Hoje evocámos a Paz, situação que os combatentes amam mais do que ninguém…”
Foram impostas diversas condecorações a militares e civis, seguindo-se o desfile das forças em parada acompanhada pelas bandas militares interpretadas pela Banda da Armada.
Na cerimónia de Homenagem aos Mortos caídos em Defesa da Pátria foram depostas coroas de flores junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar por diversas Associações e Entidades presentes, tendo sido proferida uma invocação religiosa e feita a homenagem aos mortos em campanha pela Fanfarra que entoou os toques devidos.
Ouviu-se então o Hino da Liga dos Combatentes entoado por uma soprano vinda da ilha do Pico, e seguiram os presentes para o local em frente ao Museu do Combatente onde à antiga rua que parte do Museu até à antiga Casa do Governador foi dado o nome de PASSEIO JOAO JAYME DE FARIA AFFONSO, e descerrada a estátua do Fundador da Liga dos Combatentes.
Emotivo este momento com a presença da D. Maria José , filha de Faria Affonso a retirar as bandeiras da Liga que cobriam tanto a placa toponímica como o busto do Fundador, acompanhada pelo Presidente da Liga dos Combatentes, o Almirante CEMGFA, a Secretária de Estado e o Presidente da Junta de Freguesia de Belém, Dr. Fernando Rosa, que com o Tenente-general Chito Rodrigues proferiram palavras de homenagem ao homem que vindo de França gaseado de guerra, conseguiu reunir um punhado de combatentes como ele e fundaram uma Instituição viva e que perdura nos dias de hoje. O busto é do espólio da Liga dos Combatentes do escultor Leopoldo de Almeida.
O monumento teve conceção do Vogal da Direção Central Arq. Eduardo Varandas e execução técnica e montagem supervisionada pelo Eng.º João Esquível da empresa ECBuild, que sempre correspondeu pronta e rapidamente às solicitações da Liga dos Combatentes.
O speaker da cerimónia foi o Tenente-coronel Álvaro Diogo da Liga dos Combatentes, o responsável pela atribuição das coroas aos praças presentes foi o Vogal da Direção Central Tenente-coronel António Porteira, e o responsável pela formação dos guiões da Liga dos Combatentes o Coronel José Gardete, que criou uma onda de emoção com o comando “Apresentar Armas”, ao qual todos os porta-guiões responderam baixando em frente o guião, tendo o conjunto formado como que um túnel ao longo desta rua há pouco abandonada, e onde os muros foram restaurados e pintados de claro, passando a ser mais uma área nobre de Belém, este Passeio João Jayme de Faria Affonso.
Terminada a cerimónia no exterior seguiram os presentes pela entrada principal do Museu até à Sala Aljubarrota, onde já se encontravam Daniel Schvetz ao piano e Pedro Santos ao acordéon, para iniciarem o prelúdio musical coordenado por Isabel Martins do Marketing do Museu do Combatente, com excertos de músicas de compositores da Grande Guerra, desde os compositores franceses Debussy (1862-1918) com a peça Elegie, inspirada na Grande Guerra e “Noel des enfants” , dedicada ao natal das crianças na Grande Guerra; e Maurice Ravel que, sendo baixo, foi impedido de entrar no serviço militar, mas que teve no seu esforço de guerra o papel de condutor das viaturas da Cruz Vermelha, e dedicou o Minuet, de Le Tombeau de Couperin, obra em 6 partes a seis amigos mortos na Grande Guerra, ao compositor português que morreu tão cedo e compôs o Preludio da Petit Suite , António Fragoso (1897-1918), composta nos anos da G.G. ao conhecido tango 9 de Julio, do argentino José Luís Padula, composto em 1916; e a uma peça de Daniel Schvetz, “Longínquas Ressonâncias”, Sons e ambiências do contexto bélico, uma evocação poética, da Grande Guerra, com barulhos da grande guerra como fundo da pela tocada ao piano.
Finalmente, a música “Companheira”, com poema do Tenente-general Joaquim Chito Rodrigues, a que este deu a voz, e musicada por Daniel Schvetz ao piano sendo acompanhados por Pedro Santos no acordeón. Este poema é uma homenagem à G3, arma companheira de todos os que estiveram no Ultramar, salvando-lhes muitas vezes a vida, como conta o poema. Daniel Schvetz musicou-o para o 29 de maio dedicado às Operações de Paz e Humanitárias e foi então oferecido o trabalho à Liga dos Combatentes.
O momento seguinte consistiu na Assinatura do protocolo de Geminação entre a Liga dos Combatentes e a Associação Nacional dos Titulares do Título do Reconhecimento da Nação (França), estando presentes António Jacinto da Silva, Alain Couperie, o porta guião Daniel Linhares da Silva, Pedro Silva Pereira , Morais Artur, que tinham estado no exterior com a Embaixadora de França em Lisboa e a Secretária de Estado dos Recursos Humanos e dos Antigos Combatentes, bem como o Cor. René Mesure adido de França em Lisboa .
O estandarte da ANT-TRN Secção de Portugal já tinha sido oferecido à Liga dos Combatentes e está exposto na Sala S. Mamede. Jacinto da Silva no final impôs condecorações das intervenções no Norte de África a dois combatentes presentes.
A manhã, princípio de tarde, terminou com lançamento do excelente livro “Debout les Morts”. O Tenente-general Chito Rodrigues descobriu na biblioteca da Liga dos Combatentes um rolo de papéis com pó, que são páginas escritas tanto por franceses como por portugueses e recolhidas por Jacques Péricard no intuito de serem publicadas, trabalho que ficou por ser feito dado ter falecido. Com a ajuda do Tenente-coronel António Porteira de Almeida, Vogal da Direção Central e de Jorge Martins do Departamento de Informática, que leram, transcreveram o que em alguns casos era quase ilegível e compuseram o livro que com o apoio da editora âncora que na pessoa do Dr. Baptista Lopes coordenou a impressão do livro, sendo que além de ter um tamanho grande tem um papel extraordinário e que comunica ao leitor uma sensação de avidez e de agradável prazer no manusear das páginas, sendo o seu conteúdo o exteriorizar de vivências de combatentes da Grande Guerra nas mais variadas circunstâncias sendo merecedor de uma leitura atenta de um período dramático.
Isabel martins marketing do museu do combatente

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