O aniversário do Núcleo do Porto da Liga dos combatentes (NPLC) decorreu na semana de 20 a 26 de fevereiro 2023 e compreendeu três momentos muito significativos e importantes: Sessão solene na sede; Almoço convívio na Unidade de Apoio do Comando de Pessoal (UnAp/CmdPess), Quartel da Serra do Pilar; e um Concerto na Igreja de Nossa Senhor da Lapa, no Porto.
“O toque de silêncio ecoou em Aljubarrota, nos campos da Flandres, nas picadas e savanas africanas, e nos quatro cantos do mundo onde foi derramado sangue por Soldados portugueses, num murmúrio trinado que convocou todos ao recolhimento, nas vetustas paredes do Palacete Visconde Pereira Machado, evocando e honrando a memória de todos quantos lutaram, em geral, e no particular os que pereceram nos campos de batalha, em defesa da Pátria mãe. As almas dos combatentes bem por certo rejubilaram com o rigor militar e preito de homenagem, que a cerimónia de homenagem aos mortos com deposição de coroa de flores encerra.
Na continuidade seguiu-se uma intervenção do presidente do NPLC, Coronel Jocelino Bragança Rodrigues, a condecoração de combatentes e a atribuição do título de sócios beneméritos e respetivos diplomas ao Dr. Reis Lima, prestigiado cirurgião e a Dra. Júlia Aroso, ambos sócios da LC. Da intervenção do presidente releva a introdução histórica da génese da LC e do NPLC (..:) “A História do Núcleo do Porto é indissociável da História da própria LC. Embora 26 de fevereiro de 1925, data da 1ª ata da reunião da Assembleia Geral da Agência do Porto da LC da Grande Guerra, seja a data assumida, até o presente, como data da fundação do atual NPLC, esta está a ser investigada e é bem provável que este ano, em vez do nonagésimo oitavo aniversário, devêssemos comemorar o centenário da fundação. A seu tempo o saberemos…
Hoje ao comemorarmos o nosso dia evocamos a matriz da sua criação – os combatentes – que desde o Rei Fundador até às modernas Operações de Apoio e/ou Imposição de Paz, às diversas batalhas da Reconquista Cristã, passando por São Mamede, Atoleiros, Ourique, Aljubarrota, Vimeiro, La Lys, e todas as que decorreram no ultramar português para imposição da soberania nacional, permitem-nos proclamar, sem ousadia, que Portugal é obra de soldados, obra de combatentes, que movidos por ideais patrióticos, defenderam a bandeira lusa, muitas das vezes com o sacrifício da própria vida.
As papoilas cresceram nos campos da flandres regadas pelo sangue português. Na picada africana, muitos caíram debaixo do fogo cerrado do inimigo, numa emboscada, ou devido aos estilhaços de uma mina ou granada que rebentou à passagem incauta da coluna militar. Muitos combatentes pereceram nestes conflitos, outros ficaram com mazelas físicas e psicológicas, resultantes de vivências e condições de vida extremas em todos os sentidos. Mas outras chagas prevaleceram, veladas, nos que ficaram para trás, noivas, mães, pais, irmãos, viúvas e órfãos, para quem, mais pesada que a ausência do ente querido que partiu, é a dificuldade de preencher o vazio que este deixou. Mas a Pátria por quem deram tudo, na grande maioria das situações não honrou os que partiram nem cuidou dos que ficaram desamparados.
Hoje, como ontem, esse pano verde-rubro defendido, continua a ondular nos ventos da fama pelos quatro cantos do mundo, onde sobre a égide da Organização das Nações Unidas, do Tratado do Atlântico Norte ou de Coligações Internacionais legalmente estabelecida, soldados portugueses, fazedores de paz, por alguns considerados os melhores do mundo, continuam a defender Portugal e a fomentar a sua imagem e visibilidade a nível interno e externo. Mas o fado repete-se, século após século, ano após ano… Na Flandres, em África, na Bósnia-Herzegovina, novamente em África e em todo o mundo… O combatente continua a dizer presente a chamada da Pátria e os seus representantes, no final, quase sempre estiveram ausentes…
Revisitado, ao delével, o passado, vamos passar ao presente e falar um pouco de Nós. Um ano e quase 5 meses, depois de assumirmos a liderança dos destinos do Núcleo, pensamos que o saldo é francamente positivo e, permitam-me que enfatize apenas alguns aspetos:
Promovemos a proximidade com as demais instituições de solidariedade social ao nível local e regional no sentido de encontramos as melhores soluções de complementaridade evitando redundâncias no apoio aos mais necessitados e carenciados; Fizemos 823 novos sócios e reativamos 185, atendemos 1128 Combatentes e 247 viúvas de Antigos Combatentes e providenciamos a ponte que permitiu a ligação e agilização dos respetivos processos junto do MDN, garantindo-lhes os direitos concedidos pelos respetivos cartões; Recebemos, cuidamos e apoiamos de variadíssimas formas os associados em geral e os combatentes mais carenciados e necessitados em particular; Cuidamos das nossas instalações, efetuando, de forma continuada, obras de reparação, manutenção e melhorias a nível interno e externo; Desenvolvemos atividades lúdicas vocacionadas para todos os associados, familiares e amigos, com o intuito promover a inclusão e de combater a solidão e a exclusão social; Tornamos os processos transparentes, através dos mecanismos estatutários definidos, nomeadamente realizando Assembleias Gerais ordinárias e extraordinárias para apresentação dos Relatórios de Contas e de Atividades, visão estratégica para o futuro, para difusão de informação aos sócios e eleição de novos elementos efetivos e suplentes para os Corpos Sociais; Para promover o contato de proximidade virtual estamos a dar uma nova roupagem ao nosso sítio na internet e temos contas ativas nas redes sociais Facebook e Instagram e é nossa intenção criar uma conta do Núcleo no Twitter; Mudamos a secretaria para o piso inferior, com entrada pela rua Formosa, melhorando a acessibilidade para todos os que nos procuram; Preparamos e abrimos o Palacete Visconde Pereira Machado, a nossa sede, e o espólio histórico e militar das Salas da Grande Guerra e do Ultramar, bem como a Biblioteca às visitas dos associados, do público em geral e dos turistas que visitam a cidade invicta; O Centro de Apoio Médico e Social (CAMPS 3) certificado pela Entidade Reguladora da Saúde do Norte em março de 2022, na dependência hierárquica e co localizado na nossa sede, apoia 18 núcleos da região Norte e durante o ano transato levou a cabo 1204 ações, nomeadamente 240 consultas de psicologia presenciais e 163 não presenciais, 50 ajudas técnicas e 663 outras intervenções, bem como avaliações, quer ao nível dos diferentes núcleos, quer de coordenação com o Centro de Estudos Médicos, psicológicos e Sociais, entidade responsável pela coordenação técnica nacional; No CAMPS do Porto estão referenciados um total de 502 casos, dos quais 60 são acompanhados numa base regular. Em 2022 foram referenciados 8 novos casos e acompanhadas, pela primeira vez, 3 viúvas de antigos combatentes. é nosso objetivo fazer crescer estes números, procurando apoiar cada vez mais sócios nas diferentes valências que queremos vir a disponibilizar.”
O presidente rematou confirmando a intenção de continuar a promover uma política de proximidade aos associados e à sociedade civil e militar, reiterando que os combatentes de ontem, do presente e do futuro continuarão a honrar a Pátria em qualquer parte do mundo, pois a honra e o brio de ser soldado português assim o impõem. Agradeceu à Direção do NPLC, aos voluntários e a todos quantos trabalham no Núcleo, o excelso trabalho desenvolvido e finalizou agradecendo a todos os que marcaram presença dos mais diversos quadrantes da sociedade local, regional e nacional, desejando que continuassem a “combater o bom combate” ao nosso lado.
O Almoço convívio que se seguiu, no Quartel da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, reuniu um grande número de combatentes e seus familiares e foi um momento especial e salutar de convívio e troca de memórias vividas, muitas delas inéditas, amordaçadas pelos anos passados e que brotaram na espontaneidade da partilha, no seio de uma Unidade Militar.
Em boa hora encetamos a estreita colaboração com a venerável Irmandade da Lapa, para a realização do II Concerto Solidário do NPLC. A Igreja de Nossa Senhora da Lapa encheu-se, com os associados da LC, seus familiares e amigos e ainda os múltiplos convidados, para receber os acordes afinados da Banda Militar do Exército, Destacamento do Norte (BMEDN), subidamente dirigida pelo Capitão CBMUS Artur Cardoso, ao longo de um programa sublime, com destaque para a Divina Comédia (sinfonia de Robert Smith – 1958), bem como a vocalização do Coro Polifónico da Lapa e da magnífica Soprano Natalya Stepanska.
A noite fria não impediu que este imponente espaço fosse pequeno para o número de ouvintes que acorreram, amantes da música, pessoas ávidas por sentirem e vibrarem, com um momento de cultura singular.
Depois de tocado e cantado o hino da Liga dos Combatentes, na posição de pé, e anunciado o términus do concerto, o Presidente do NPLC, Coronel Jocelino Bragança Rodrigues, tomou a palavra endereçando os agradecimentos da praxe, iniciando pelo magnífico publico, que esteve de corpo e alma neste evento cultural, Comando de Pessoal do Exército, na pessoa do Exmo. Senhor Brigadeiro General Francisco Bento Soares, não só pela autorização para a participação da BMEDN, mas também pela disponibilidade manifestada em apoiar as cerimónias comemorativas do dia NPLC, com destaque para a disponibilidade, profissionalismo, saber, empenhamento e total disponibilidade patenteadas pelos homens e mulheres da Instituição Castrense. Continuou com rasgados elogios e entrega de ramos de flores e lembranças aos solistas, amplamente aplaudidos pelo público, à Irmandade, Reitoria e Coro Polifónico da Lapa, na pessoa do Senhor Doutor José Manuel Pereira Osório e do Mestre Capela Filipe Veríssimo, BMEDN, na Pessoa do Capitão CBMUS Artur Cardoso, ao pianista João Paulo Veríssimo, à Soprano Natalya Stepanska e por último à Direção do Núcleo do Porto por mais esta inaudita iniciativa cultural, rematando com uma referência especial a todos os associados presentes, e aos que, não sendo associados aceitaram o desafio de participarem no concerto e que, de certa forma partilham, em parceria com o NPLC, o desígnio de apoiar e ajudar os combatentes mais necessitados e carenciados, de todos os tempos, que serviram e continuam a servir Portugal nos “quatro cantos do mundo”.
Os intervenientes brindaram-nos com mais um tema e a magia do espaço e a superior qualidade das interpretações musicais dos vários intervenientes, criou um frémito e um acumular de energia positiva que explodiu num entusiástico e duradouro aplauso final na posição de pé, de todos e para todos os que nele participaram.
Os encómios recebidos no final dos diversos eventos e os ecos que nos foram chegando dos diversos quadrantes da sociedade Invicta, foram todos unânimes e muito positivos, referenciando o aprumo, a qualidade, o profissionalismo dos vários intervenientes do exército, bem como da qualidade dos executantes do concerto, mas também o deslumbre, a limpeza, e a qualidade acústica da Igreja da Lapa. A noite foi mágica e tornou-se inolvidável e, bem por certo, perdurará por muito tempo na memória dos que tiveram o ensejo de acorrer à Igreja da Lapa no Porto. A performance da BMEDP, do Coro Polifónico da Lapa, do Organista Mestre Capela Filipe Veríssimo e da Soprano Natalya Stepanska foram determinantes para o êxito deste evento cultural, sendo apontada como uma experiência musical multifacetada, fora da caixa, e do agrado de todos os intervenientes, quer na organização e coordenação do espetáculo, quer enquanto ouvintes estarrecidos do mesmo.
Nas comemorações deste ano queremos referenciar, a presença das edilidades do Porto e Valongo, com a presença dos Presidentes da Assembleia Municipal, respetivamente o Professor Doutor Sebastião Feyo de Azevedo e Dr. Abílio Vilas Boas, bem como o Representante da CMP o Senhor Vereador do Pelouro da Educação e Coesão Social, Dr. Fernando Paulo, e ainda os Presidentes e representantes das Juntas de Freguesia de Valongo, Senhor Paulo Jorge Vale das Neves, União de freguesias de Gondomar, Valbom e Jovim, Senhor Dr. António Braz, Santa Marinha e São Pedro da Afurada, Professor Doutor Hugo Teixeira e Senhor  Ismael Martins e de Sendim, Olival, Lever e Crestuma Senhor Manuel Azevedo. O Exército, pelo apoio prestado ao planeamento, coordenação e execução dos vários eventos, representado pelo Brigadeiro-General Francisco Bento Soares, do Comando de Pessoal, e o Cor Victor José Patrício, Comandante da UnA/CmdPess do Exército. Agradecemos ainda aos representantes dos outros Ramos das Forças Armadas, das Forças de Segurança, da Proteção Civil, do Complexo Social Nossa Senhora da Paz, bem como aos Núcleos da LC de Braga, Espinho, Maia, Marco de Canavezes, Matosinhos, Oliveira do Bairro, Penafiel e Viana do Castelo, na pessoa dos Exmos. Presidentes e Porta-Guiões, por trazerem solidariedade institucional e mais brilho e cor à esta cerimónia.
Liga dos Combatentes Valores Permanentes! Liga dos Combatentes em Todas as Frentes!

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